Estamos doentes. E no processo diagnóstico os médicos não descobrem as causas. Realizamos vários exames, mas não encontramos nenhuma causa física para nossas mazelas. A recomendação que geralmente recebemos é tratar os sintomas: para dores de cabeça sem causa orgânica, tome um analgésico; para disenteria contínua e de causa desconhecida, fazemos uma colonoscopia e novamente ingerimos medicamentos para tratar os sintomas; gastrite, dores musculares, depressão, problemas cardíacos, enfim! Para todos os males existe uma "pílula mágica" que consumiremos o resto de nossas vidas para "mascarar" os sintomas e seguirmos adiante. No ritmo frenético que está o mundo, em que tudo é imediato e "para ontem", não paramos para tratar a origem dessas doenças, de modo a não precisarmos mais conviver com elas.
No Ano Novo, quando enfim paramos por alguns dias para festejar e desfrutar a companhia de nossos amigos e familiares, surge aquele maravilhoso desejo de termos uma vida nova! Chegamos a fazer promessas ou a escrever objetivos para obtermos maior qualidade de vida: "vou fazer atividade física"; "vou cuidar a alimentação"; "vou organizar meu tempo de trabalho com meu lazer pessoal e com a família"; "vou ser menos ansioso(a)"; "vou ser mais feliz". Estamos em março, três meses já se passaram e pergunto: quanto destes desejos temos realizado? Estamos realizando estas medidas para não mais adoecermos psicologicamente? Por que parecem ser coisas tão simples e não conseguimos organizarmo-nos para concretizá-las?
A dificuldade consiste na mudança de hábitos. Para desenvolvermos qualidade de vida precisamos transformar estas pequenas coisas em hábitos diários. Numa sociedade em que a humanidade está adoecendo, adicionando o estresse no dia a dia, supervalorizando o TER em detrimento do SER, podemos cometer o engano de sentirmo-nos culpados quando realizamos movimentos para cuidarmos de nós mesmos. Muitas vezes precisamos de ajuda para transformar nossos hábitos e tirar este sentimento de culpa, de modo que possamos valorizar as coisas importantes e necessárias da vida de uma maneira equilibrada. Podemos trabalhar, estudar, conviver com as pessoas queridas e cumprir nossos afazeres sem adoecermos psicologicamente. Para isto, é necessário investigar como surgiu esta doença sem causa física para não mais tratarmos apenas os sintomas... Chega de tratar os sintomas e ficarmos dependentes vitalícios de medicamentos! Vamos tratar esta doença psicossomática e não convivermos mais com este incômodo! Liberdade!
Obs.: Publicado no Jornal Diário do Iguaçu - Chapecó/SC, em 10 de março de 2010
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